Como o turismo em Goiás atravessa a pandemia
Após duro baque, setor tenta se manter otimista em meio a desafios financeiros
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Após duro baque, setor tenta se manter otimista em meio a desafios financeiros
O setor de Turismo foi um dos mais prejudicados no Brasil com a pandemia de Covid-19. Contudo, o segmento vem crescendo gradativamente desde o início do ano e, em setembro, atingiu a marca de R$ 12,8 bilhões em arrecadação. No mês de abril, o pior mês do ano para o Turismo no país, o seguimento registrou aproximadamente R$ 4 bilhões, ou seja, um terço dos valores arrecadados nos registros mais recentes.
Ricardo Rodrigues Gonçalves, presidente do Sindicato de Turismo e Hospitalidade no Estado de Goiás (Sindtur-GO) afirma que o setor é fundamental para a economia goiana, gerando de 6 a 8% do PIB do estado. Ele destaca o “ecossistema” gerado pelo ramo turístico: “O turismo vive de micro, médias e grandes empresas. Com isso, a gente consegue dar mais oportunidade de emprego para várias pessoas e estimula vários outros a terem seu próprio negócio”.
Os dados mais recentes da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), apontam que, em 2018, o mercado de turismo em Goiás ocupava mais de 60 mil trabalhos formais, o equivalente a 4% do total de vagas no estado. Além disso, o número de estabelecimentos do setor representa cerca de 6% do total no estado, com cerca de 9.200 empresas.
Contudo, em Goiás diversos setores relacionados ao turismo sofreram duro baque durante o ano. Empresas ligadas à hotelaria, lazer, alimentação, transportes – incluindo transporte aéreo – registraram prejuízos econômicos catastróficos. O aeroporto de Caldas Novas, por exemplo, chegou a reduzir seu fluxo de passageiros em 99% entre abril e julho, comparado com 2019 – vamos falar mais disso adiante na matéria.
“O turismo estava em uma crescente, tendo inclusive batendo um recorde em julho de 2019, gerando proporcionalmente mais empregos e lucrando mais no estado, antes da pandemia”, lamenta o presidente da Sindtur.
Crise e otimismo
De acordo com informações fornecidas pelo CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados 2020, o estado de Goiás de janeiro a agosto de 2020 perdeu 9.514 postos formais de trabalho, sendo 4.546 empregos nos serviços de alimentação, 2.927 no setor de alojamento e 1.115 no setor de transporte rodoviário, os principais setores afetados.
A Goiás Turismo, agência oficial do Estado de Goiás, realizou uma pesquisa com 100 empresas do ramo para medir o impacto da pandemia da Covid-19 no setor. Quatro delas tiveram de fechar as portas desde março e quase metade delas tive que reduzir o preço de seus serviços durante este período.
Em 63 dos casos, as empresas tiveram 100% de seu faturamento afetado pela crise do coronavírus, no mês de maio, número semelhante ao de abril (60 casos). A previsão do impacto em setembro não está tão alta, mas ainda assim, um quarto das empresas esperavam impactos de 100% no faturamento para o mês.
Contudo, o empresariado local se mantém otimista. 79% delas se mostraram otimista quanto à recuperação de seus faturamentos, enquanto apenas 17% não sabem ou não acham que vão recuperar suas finanças.
Ricardo Gonçalves afirmou que os dados recentes corroboram para essa sensação de otimismo, enquanto o turismo dá indícios de uma recuperação. “As pessoas tem procurado isso. Teremos inicialmente um crescimento do turismo doméstico, em veículos próprios, evitando transportes coletivos. O turismo interno tende a crescer antes do turismo inter-regional, que depende da chegada da vacina”.
Os dados do Observatório do Turismo da Turismo Goiás apontam que a população goiana já havia uma predisposição para viagens internas. 74,8% dos turistas de Goiás vinha de outros municípios goianos, de acordo com dados de 2019.
Cidades históricas como Goiás e Pirenópolis e o turismo de natureza (cavernas, cachoeiras e chapadas) devem guiar o retorno do turismo no estado.
Aeroportos vazios
Dentre os setores afetados com a crise do coronavírus, o aeroviário sofreu um tremendo impacto no início da pandemia. Apontado como responsável por “importar” o vírus para o Brasil, a circulação de pessoas em aeronaves, especialmente em Goiás, reduziu de forma aguda e drástica.
Segundo dados da INFRAERO, o trânsito de passageiros no Aeroporto Internacional de Goiânia nos primeiros noves meses de 2020 diminuiu 60% em relação ao ano passado.
O segundo trimestre foi o período mais crítico, com queda de 91,4% no trânsito de pessoas. O fluxo de passageiros voltou a subir entre julho e setembro, mas ainda equivale a 27,8 % do total no mesmo período de 2019.
Os números em Caldas Novas são ainda mais impressionantes, com quedas de mais de 98% no fluxo de passageiros entre abril e setembro, de acordo com a administração do Aeroporto Nelson Ribeiro Rodrigues. Os números, que chegaram a ser de 12 mil voos em janeiro, em setembro atingiram a marca de 184. O próprio relatório da Goiás Turismo aponta que os registros atuais do fluxo de passageiros do aeroporto de Caldas Novas “beiram à decadência”.
Hotelaria em recuperação
Fernando Carlos Pereira, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Goiás (ABIH-GO), também relatou um período crítico vivido pela hotelaria no início do ano. “Em razão da pandemia, o setor de hotelaria foi duramente afetado com o fechamento total ou parcial do setor em diversos municípios, em razão de decretos estaduais e municipais. Abril, maio e junho foram no geral, os meses mais críticos.” o presidente da ABIH-GO ainda acrescentou que o primeiro semestre apresentou queda de mais de 50% em relação ao mesmo período de 2019.
Quanto ao faturamento, os números da ABIH-GO mostram uma queda de 95% nos meses de abril e maio, apresentando uma melhora a partir de junho. “Conforme foram acontecendo as flexibilizações, aos poucos, começa a retomada do setor”, explica Fernando Pereira.
Os índices da ABIH apontam que, em relação ao período mais crítico da pandemia, setembro indicou uma melhora de 30%. O mês também superou os dados de agosto, indicando uma melhora de 5% no faturamento.
Segundo relatório da Goiás Turismo, disponível no site da agência estadual, os turistas e viajantes em trabalho se tornaram mais exigentes quanto à higiene dos hotéis. Medidas de segurança contra a Covid-19 ganharam maior relevância para quem escolhe se hospedar nos serviços de hotelaria.
O presidente da associação fez questão de destacar a importância do turismo para o estado “O setor de turismo gerou mais de R$ 138 milhões em tributos Estaduais. A região turística de negócios e Tradições representou 68% em relação a geração de impostos estaduais em 2019”.
A ABIH-GO também afirmou que o setor empregou em Goiás, no ano passado, mais de 1,2 milhão de pessoas, sem especificar se eram trabalhos formais ou informais. Os dados da Rais, citados no início da matéria, contou apenas os empregos formais no setor.
Por fim, Fernando vê com otimismo a retomada do segmento do turismo em Goiás, tendo expectativas positivas para o setor em 2021.
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