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‘Na casa da fazenda’, por E. F. Benson

Tradução original de Italo Wolff do conto “At The Farmhouse”, escrito por Edward Frederic Benson, publicado em 1923 – até então, sem tradução para o português

E. F. Benson | Foto: Reprodução

O crepúsculo de um dia de novembro caía rapidamente quando John Aylsford saiu de seu alojamento na rua de paralelepípedos e começou a caminhar rapidamente ao longo da estrada que conduzia ao leste pela costa da baía. Ele esteve trabalhando enquanto a luz do dia o servia, e agora, quando a escuridão crescente o afastava do cavalete, ele costumava a sair para tomar ar, fazer exercícios e cobrir meia dúzia de milhas antes de retornar para seu jantar solitário.

Esta noite havia poucas pessoas ao ar livre, e elas fugiam do forte vendaval sudoeste que bradou e rugiu durante todo o dia ou, inclinando-se para a frente, abriam seu caminho contra ele. Nenhum barco de pesca havia navegado naquele mar enlouquecido, tendo ficado atracados atrás da parede do cais, agitando-se inquietos com o retrocesso das grandes ondas que varriam o topo do pier. A maré estava baixa agora, e eles descansavam na praia arenosa, borrões escuros contra a superfície lisa e úmida que sombriamente refletia as últimas chamas no oeste. O sol tinha se posto em uma confusão de nuvens voadoras fragmentadas, raivosas e ameaçadoras com a promessa de uma noite selvagem por vir.

Há muitos dias, a essa hora, John Aylsford partia para o leste em sua caminhada ao longo da difícil estrada costeira perto da baía. A última maré alta tinha desaguado cascalho e areia sobre partes da estrada, e fragmentos de algas marinhas impulsionadas pelo vento rolavam ao longo dos sulcos. O forte estrondo das ondas soava mal-humorado no crepúsculo, e torres brancas de espuma aparecendo e desaparecendo mostravam o quão alto elas saltavam sobre os recifes de rocha além da pequena península. Por mais ou menos oitocentos metros, inclinando-se contra o vendaval, ele seguiu essa estrada, depois dobrou um caminho estreito e lamacento, profundamente enterrado entre as ribanceiras de cada lado. Ele subia íngreme morro acima, mergulhava novamente e se juntava à estrada principal interior. Tendo chegado ao cruzamento, John Aylsford não foi mais para o leste, mas voltou seus passos para o oeste, chegando, meia hora depois de ter partido, no topo da colina acima da vila que ele havia abandonado, embora uma subida de cinco minutos pudesse tê-lo levado de seu alojamento ao local onde ele agora estava olhando para as luzes espalhadas abaixo dele. O vento tinha soprado todos os viajantes para dentro de suas casas e, agora na frente dele, a estrada que cruzava este planalto alto e desolado, salpicada aqui e ali por cabanas solitárias e fazendas desoladas, estava vazia e cintilando acinzentada na escuridão varrida pelo vento, não mais que ligeiramente visível.

Muitas vezes durante este mês que se passou John Aylsford fez este longo desvio, partindo para leste da vila e voltando por uma ampla rota, e agora, nestas ocasiões, ele parava no escuro abrigo da cerca viva através da qual o vento chiava e assobiava, abaixando-se ali na sombra como se para se certificar de que ninguém o havia seguido, e que a estrada em frente jazia vazia de passageiros, porque ele não estava disposto a ser observado por qualquer um nessas viagens. E enquanto ele parou, ele deixou seu ódio se incandescer, esquentando-o para o trabalho cuja a realização apenas poderia possibilitá-lo de recapturar qualquer paz ou proveito da vida. Esta noite ele estava determinado a libertar-se da pedra de moinho que por tantos anos esteve amarrada em seu pescoço, afogando-o em águas amargas. Por longamente meditar sobre a ideia do feito, ele cessou de sentir qualquer horror dele. A morte da vadia bêbada não era uma questão de apreensão ou inquietação; o mundo ficaria bem livre dela, e ele mais do que bem.

Nenhuma faísca de ternura pela bela pescadora que um dia fora sua modelo e por vinte anos fora sua esposa perfurava a escuridão de seu propósito. Foi justo aqui onde ele a vira pela primeira vez quando, nas férias de verão, alojou-se com alguns amigos na casa da fazenda para onde seu caminho agora levava. Ela estava subindo a colina com o pôr do sol tardio dourando seu rosto e, respirando rápido pela subida, se encostou no muro próximo com um sorriso e um olhar para o jovem. Ela sentou-se para ele, e o outono trouxe a sequência do verão em seu casamento. Ele comprara do tio dela a pequena casa de fazenda onde ele havia se alojado, acrescentando às suas acomodações modestas um estúdio e um quarto no andar superior, e lá ele viu o lampejo do que nunca tinha sido amor morrer e, sobre as cinzas frias de suas brasas, o líquen venenoso do ódio se espalhar rapidamente. No início de sua vida de casada, ela começou a beber e afundou em uma degeneração de corpo e alma que parecia não ter fundo, o arrastando com ela, abaixo e abaixo, nas garras de uma força que dificilmente era humana em sua malignidade.

Frequentemente durante os anos miseráveis que se seguiram ele havia tentado deixá-la; ele se ofereceu para deixar a fazenda com ela e fornecer provisões adequadas, mas ela se segurara à posse dele, não por afeição, ao que parecia, mas por uma razão exatamente oposta, a saber, que ela o odiava e se alimentava e se saciava ao ver sua ruína. Era como se, em obediência a algum poder infernal, ela tivesse se decidido a arruinar sua vida, suas possibilidades, suas oportunidades, ao atá-lo a si mesma. E com ajuda desses poderes, assim às vezes ele pensou, ela impunha sua vontade nele, pois por mais que planejasse cortar todo aquele negócio terrível e deixar os destroços para trás, ele nunca tinha sido capaz de consolidar sua determinação em ação. Ali, a poucos quilômetros de distância, estava a estação da qual sairia o trem que o levaria desse antigo reino ocidental, onde a crença em feitiços e superstições crescia como a relva naquele ar suave e enervante, e o deixaria na luz dura e seca das cidades. O caminho jazia aberto, mas ele não podia tomá-lo; algo invisível e potente, de macabra rigidez, o segurava….

Ele não havia passado por ninguém em seu caminho até aqui, e satisfeito agora que na escuridão ele podia proceder sem medo de ser reconhecido se um viajante eventual viesse da direção em que agora estava indo, ele deixou o abrigo na cerca-viva e partiu para o mar tempestuoso daquele vendaval estupendo. Da mesma forma que um homem nas garras da morte iminente vê sua vida passada se espalhar na frente dele para sua avaliação final antes que o livro seja fechado, também agora, na beira da nova vida da qual apenas o feito em que ele estava determinado o separava, John Aylsford, enquanto lutava seu avançar através dessa grande tempestade, virou página após página de suas próprias crônicas infelizes, sentindo-se já estranhamente separado delas; era como se ele lesse as sórdidas e escravizadas histórias de outro, ponderando sobre elas, meio com compaixão, meio desprezando aquele que tinha se permitido ser amarrado por tanto tempo nesta forca desastrosa. 

Sim; fora exatamente aquilo, uma forca colocada sempre mais apertada ao redor de seu pescoço, enquanto ele sufocava e lutava sempre inutilmente. Mas havia outra forca que deveria muito em breve ser colocada rapidamente e finalmente apertada, e o laço dado por suas próprias mãos fortes o libertaria. Enquanto ele pensou nisso por um momento, seus dedos acariciaram e afagaram o cabo da amarra que jazia branca e áspera em seu bolso. Uma forca, um nó tenso dado rapidamente, e ele pagaria de volta com justiça e misericórdia mais breve pelo longo estrangular que ele vinha sofrendo. 

Voluntariamente e avidamente no começo ele permitira que ela passasse o laço ao redor dele, porque a beleza de Ellen Trenair naqueles dias, tão distantes e tão eternamente lamentados, tinha sido suficiente para enredar um homem. Ele tinha sido avisado naquela época, por dicas e sugestões meio faladas, que era mau para um homem se casar com uma garota daquela sombria e infame família, ou para uma mulher se casar com um garoto em cujas veias corria o sangue de Jonas Trenair, uma vez pastor metodista, que aprendeu em uma Noite das Relíquias um evangelho mais sombrio que ele jamais havia pregado antes. O que acontecera com as garotas que se casaram com aquela família cada vez menor, agora quase extinta? Uma, antes que seu casamento completasse um ano, tinha perdido a cabeça, e agora, uma velha murcha e decrépita, percorria e tagarelava pelas ruas da vila, catando lixo da sarjeta e mastigando com sua mandíbula desdentada. Outra, a própria mãe de Ellen, fora encontrada enforcada, dependurada no corrimão das escadas, severa e hedionda. Havia então o jovem Frank Pencarris, que se casou com a irmã de Ellen. Ele afundara em uma terrível melancolia, e sentou-se traçando em folhas de papel as visões que cercavam seus olhos, formas sem cabeça e bocas espumantes, e imagens das criaturas do inferno… John Aylsford naqueles primeiros dias tinha rido com escárnio desses contos da velha de feitiços e bruxaria: eles pertenciam a eras há muito passadas, enquanto a bela Ellen Trenair era do adorável presente, e tinha acendido um desejo em seu coração que ela apenas podia aplacar. Ele não tinha uso, no brilho dos olhos dela, para tais sombras e superstições; os raios de luz dela as dissipavam.

*

Amarga e negra como a meia noite tinha sido sua iluminação, escurecendo por meio de crepúsculos duvidosos até que as sombras do abismo o envolveram. O riso da noção de que neste século vine feitiços e bruxarias poderiam sobreviver silenciou em seus lábios. Ele vira o gado de um vizinho que tinha ofendido um dos que era melhor não cruzar o caminho definhar e diminuir, apesar de existir prados ricos para pastagem, até as costelas despontarem como armações de madeira de destroços encalhados. Ele vira o regato em outra fazenda secar na época do parto porque o dono, cético como ele próprio, tinha recusado a doação, que todas as pessoas prudentes pagavam ao mago de Mareuth, que, como Ellen, tinha o sangue de Jonas Trenair. Do escárnio e risada ele tinha passado a uma conjectura inquieta, e da conjectura sua mente passara a convicção de que existiam poderes ocultos e terríveis que desenvolviam-se na escuridão e prevaleciam, segredos e feitiços que podiam adoecer homem e besta, encantamentos negros, conhecidos por poucos, que podiam mutilar e aleijar, e dentre estes poucos, sua esposa era uma. Sua razão se revoltou, mas alguma convicção, mais profunda do que a razão, segurou sua parte. Diante de tal visão parecia que o feito que ele contemplava não era um crime, mas um ato de obediência ao mandamento “A feiticeira não deixarás viver.” E a sensação de distanciamento superou isso, assim como superou as memórias que surgiam em sua mente. Alguém – não ele – que tinha planejado tudo muito cuidadosamente na próxima hora iria colocar um fim ao seu cativeiro. 

Assim os anos se passaram, ele chafurdando cada vez mais fundo no lamaçal em que foi jogado, do qual ele não poderia emergir enquanto ela vivesse. Pelo último ano, ela, cansada de sua perpétua presença na fazenda, permitiu que ele se alojasse na vila. Ela não afrouxou seu aperto sobre ele, pois eram poucos os dias em que ela não vinha com demandas por um punhado de dinheiro para obter destilados, a única coisa que podia matar sua sede. Às vezes ele se sentava para trabalhar no quarto norte olhando o pequeno jardim, ela vinha cambaleando o caminho, com sua cara inchada e vermelha se colocava lá com o pescoço murcho, e batia em sua janela com dedos encarquilhados como a garra de um pássaro. Corpo e membros não mais do que ossos em que se espichava a pele enrugada, mas com a face inchada monstruosamente com camadas de gordura. Ele dava a ela a quantia que tinha consigo, e se não fosse o suficiente, ela se plantava lá, sorrindo para ele e o bajulava, ou com gritos e maldições o ameaçava com um destino semelhante aos que ele sabia terem tomado aqueles que cruzaram seu caminho. Mas geralmente ele dava a ela o suficiente para satisfazê-la por um dia e talvez o próximo, pois assim talvez ela beberia até a morte. Mas a morte tardava a chegar….

Ele se lembrava bem como a noção de matá-la surgiu em sua cabeça, só uma pequena semente, ínfima como a de mostarda, que descansou por longo tempo no estéril. Apenas a ideia da coisa estava lá, como uma proposição abstrata. Então imperceptivelmente, na escuridão fértil de sua mente, ela deve ter começado a brotar, porque no presente uma haste, ainda macia e branca, se projetou para a luz do dia. Ele quase empurrou-a para baixo de novo, por medo de que ela, por alguma arte de adivinhação, sondasse seus propósitos. Mas quando ela retornou para se abastecer, ele não notou nenhum brilho de suspeita em seus olhos vermelhos, e ela tomou seu dinheiro e foi embora, e em seu propósito brotou uma nova folha, e seu caule ganhou viço. Por todo outono ele foi alimentado e cresceu como uma árvore, e ideias frescas, detalhes novos, precauções recentes se empoleiraram nele como pássaros construtores de ninhos e fizeram seu propósito feliz com a cantoria. Ele se sentava sob sua sombra e escutava com esperanças renovadas a sua canção; nunca antes houvera melodia tão ímpar. Ele conhecia seus assobios agora, não havia mais necessidade de ensaio.

Ele começou a se questionar quão cedo ele estaria de volta à estrada agora, com a face virada para este vento esbofeteante, e em seu caminho para casa. Seu negócio não levaria muito tempo; o feito central da coisa estaria terminado em alguns minutos, e ele não esperava se atrasar em começar a trabalhar nela, porque às sete da noite, como ele sabia, ela estava geralmente roncando no esquecimento completo da bebedeira, e mesmo se ela não estivesse tão bêbada assim, ela certamente não seria capaz de nenhuma resistência séria. Depois disso, apenas mais quinze minutos terminariam o trabalho, e ele deixaria a casa a salvo de qualquer chance de detecção. Noite após noite durante estes últimos dez dias ele estivera lá, espiando da escuridão para dentro do quarto iluminado onde ela estivera, então escutando seus passos na escada enquanto ela tropeçava para a cama, ou ouvindo seu ronco enquanto ela dormia na poltrona abaixo. A edícula, ele sabia, estava bem estocada com parafina; ele não precisaria de mais aparato algum do que a corda e fósforos que carregava consigo. Então de volta ele iria ao longo da mesma rota pela qual havia ido, entrando na vila novamente pelo leste, na direção em que havia partido.

Esta caminhada sua era agora um hábito conhecido e bem estabelecido; metade da vila durante as últimas semanas tinham visto todo anoitecer rumar ao longo da estrada da costa para uma caminada no anoitecer quando a luz ficava fraca demais para que ele pudesse pintar, e tinham visto-no voltar enquanto eles estavam fora fumavam no crepúsculo morno, algumas horas depois. Ninguém sabia de seu desvio para a estrada principal que o levava novamente para o oeste, acima da aldeia e, portanto, para o trecho de planalto desolado ao longo do qual agora lutava contra o vendaval. Sempre por volta das oito horas ele tinha entrado na vila novamente pelo outro lado, e tinha parado e conversado com os desocupados. Esta noite, não se atrasaria mais do que o normal, ele desceria a estrada de paralelepípedos novamente, e daria “boa noite” a qualquer um que estivesse do lado de fora da taberna. Neste vento selvagem não era provável que houvesse alguém, e se houvesse, sem problemas; ele havia já sido visto retornando de sua caminhada habitual pela costa da baia, e se ninguém lá fora o visse retornar, ninguém poderia ver as verdadeiras coordenadas de seu passeio. Pelas oito ele já estaria de volta para o jantar, haveria um ensopado de harenque para ele, e uma fatia de queijo, e a chaleira estaria cantando no fogão para seu drinque de uísque quente. Ele teria uma margem grande para desfrutar deles esta noite; ele beberia longos brindes para os condenados e os mortos. Somente no dia seguinte, provavelmente, as notícias do ocorrido chegariam até ele, porque a casa da fazenda jazia solitária e abrigada pela floresta de abetos. Por mais alto que pudesse subir o farol de suas chamas, dificilmente, coberto pelas árvores altas, iluminaria o céu a oeste e seria visto da aldeia aninhada abaixo da íngreme crista da colina.

Agora John Aylsford tinha chegado à floresta de abetos que margeava a estrada pela esquerda e, passando para o seu abrigo, foi protegido da violência do vendaval. Todos os galhos estavam agitados com o som de um oceano irritado acima, e os troncos que os seguravam estalavam e gemiam na fúria da tormenta. Em algum lugar atrás da espessa corredeira de nuvens voando a lua deve ter surgido, pois a estrada brilhou mais visivelmente e a escuridão agitada dos galhos ficou clara o bastante contra o tumulto cinzento acima. Atrás da tempestade ela se movia em céus serenos e na claridade assassina de sua mente ele se ligou a ela. Apenas por mais meia hora ele ainda tatearia, planejaria e tramaria neste tumulto, e então, como um balão lançado, planaria através das nuvens e encontraria serenidade. Algumas centenas de metros agora o levariam ao redor da floresta; de lá, a estrada lamacenta conduzia da estrada principal à fazenda.

Ele se apressou ao invés de se retardar quando chegou perto, porque a floresta, apesar de rugir com a ventania, começou a sussurrar memórias para ele. Frequentemente naquele verão anterior a seu casamento ele fizera o desvio ao entardecer para dentro do bosque, certo de que antes de dar muitos passos, ele veria uma sombra partindo rapidamente em sua direção através dos abetos, ou ouviria o estalo de galhos secos na quietude. Aqui era seu local de encontro; ela vinha da vila com a desculpa de trazer peixes para a casa da fazenda, depois de os barcos terem chegado e, abandonando a estrada, fazia um atalho pelo bosque. Como o piscar de um raio distante, a memória daquelas noites estremeceu em sua mente, e ele acelerou o passo. Os anos que se seguiram mataram e enterraram essas lembranças, mas quem sabia qual agitação de cadáveres e ossos secos ainda não ocorreria se ele ficasse ali? Ele tocou a corda em seu bolso e lançou-se, além das árvores, em plena fúria do vendaval.

A casa da fazenda estava perto e à vista agora, uma mancha negra contra as nuvens. Um feixe de luz brilhou de uma janela sem cortinas no andar térreo, e o resto estava escuro. Mesmo assim, ele tinha visto isso em muitas noites passadas, e bem conhecia a visão que o receberia quando ele se aproximasse. E ainda assim era esta noite, pois lá estava ela sentada no estúdio que ele construíra, entre a mesa e a lareira com a garrafa perto de si, e as mãos murchas estendidas para o fogo, e o enorme rosto inchado balançando sobre os ombros. Esta noite, ao lado dela estavam os restos destroçados de uma cadeira, e a primeira visão que ele teve foi dela alimentando o fogo com os pedaços quebrados. Tinha sido muito complicado trazer toras frescas do estoque de lenha; quebrar uma cadeira era a tarefa mais fácil.

Ela se mexeu e sentou-se mais ereta, então estendeu a mão para a garrafa que estava ao seu lado e bebeu da boca dela. Ela bebeu e lambeu os lábios e bebeu novamente, e cambaleou para ficar de pé, tropeçando na beira do tapete da lareira. No momento, isso pareceu irritá-la, e com os dentes cerrados e apontando o dedo, resmungou contra a coisa; então, mais uma vez, ela bebeu e, cambaleando para a frente, pegou a lâmpada da mesa. Com a lâmpada na mão, ela arrastou-se para a porta, e a sala foi deixada à luz do fogo bruxuleante. Um momento depois, a janela do quarto acima ganhou luz, um retângulo de iluminação brilhante.

Assim que isso apareceu, ele deu a volta na casa até a porta. Ele girou a maçaneta suavemente e a encontrou destrancada. Lá dentro havia uma pequena passagem de entrada, à esquerda da qual subiam as escadas para o quarto acima do estúdio. Tudo estava em silêncio ali, mas de onde ele estava, podia ver que a porta do quarto estava aberta, pois um facho de luz da lâmpada que ela carregava consigo foi lançado para o patamar. Tudo estava se suavizando para tornar seu caminho mais fácil. Até o vendaval era seu amigo, pois seria um fole para o fogo. Ele tirou os sapatos, deixando-os no tapete, e tirou a corda de seu bolso. Ele fez um laço e começou a subir as escadas. Eles eram bem construídos com carvalho temperado, e nenhum rangido denunciou seu avanço.

No topo ele parou, tentando ouvir qualquer movimentação lá dentro, mas não havia nada a ser ouvido, exceto o som da respiração pesada vindo da cama que estava à esquerda da porta e fora de vista. Ela havia se jogado ali, ele supôs, sem se despir, deixando a lamparina queimar sozinha. Ele podia ver através da porta aberta já começando a piscar; na parede ao fundo havia um par de aquarelas, pinturas dele próprio, uma do pequeno jardim murado da fazenda, a outra do pinheiro de seu local de encontro. Ele se lembrava de bem de tê-los pintado: ela se sentava ao lado dele, conversando fiado e cantando enquanto ele trabalhava. Olhou para eles agora completamente distanciado; pareciam-lhe maravilhosamente bons, e ele invejou o artista por aquela habilidade fresca e limpa. Talvez ele os tirasse logo dali e os levasse embora consigo.

Muito suavemente agora ele avançou quarto adentro e, olhando pela esquina da porta, ele a viu, esparramada e completamente vestida na cama larga. Ela estava deitada de costas, olhos fechados e boca aberta, seu cabelo fosco grisalho espalhado sobre o travesseiro. Evidentemente ela não tinha feito a cama naquele dia, porque jazia espalhada em lençóis amassados e pelo avesso. Uma escova de cabelo estava no chão próxima dela; parecia ter caído de sua mão. Ele se moveu rapidamente em direção a ela.

Ele calçou os sapatos novamente quando voltou ao pé da escadaria, carregando a lâmpada consigo e as duas pinturas que havia tirado da parede e foi até o estúdio. Ele pôs a lâmpada na mesa e fechou as persianas, e seus olhos caíram sobre a garrafa de uísque pela metade, de onde a vira beber. Apesar de sua mão estar bastante firme e sua mente bem composta e tranquila, havia ainda ao fundo dela uma impressão que estava lentamente se desenvolvendo e uma dose de bebida iria sem dúvida expurgar aquilo. Ele bebeu meio copo puro e não diluído, e apesar de não parecer mais do que água em sua boca, ele logo sentiu que estava fazendo seu trabalho e enxugando de sua mente a imagem que esteve se desenhando lá. Em alguns minutos, ele estava calmo de novo e podia se dar ao luxo de se maravilhar e rir da ilusão, pois era nada menos do que isso que o estava consumindo. Pois embora ele pudesse se lembrar distintamente de ter apertado o laço e visto o rosto dela ficar roxo, e de lutar contra os movimentos convulsivos daqueles membros atrofiados que logo voltaram a ficar quietos, surgiu em sua mente uma impressão inexplicável de que o que ele havia deixado lá encolhido na cama não era o feixe de membros murchos e o pescoço estrangulado, mas o corpo de uma jovem de pele lisa e cabelos dourados, com a boca que sorria sonolentamente. Ela estava dormindo quando ele entrou e agora estava meio acordada, se mexendo e se espreguiçando. Em que região obscura de sua mente essa imagem se formou, ele não tinha ideia; tudo o que importava agora era que sua bebida a tinha estilhaçado novamente e ele poderia prosseguir com ordem e método para tornar tudo seguro. Só mais um gole primeiro: que sorte que esta manhã ele tinha sido liberal com seu dinheiro quando ela veio para a aldeia, pois ele teria lamentado se tivesse ficado sem aquele impulso para seus nervos.

Ele olhou seu relógio e viu, para sua satisfação, que ainda era pouco depois das sete horas. Meia hora de caminhada, com esse vendaval para acelerar seus passos, o levaria facilmente de porta em porta, contornando o desvio que se aproximava da vila pelo leste, e um quarto de hora, assim ele calculou, seria o suficiente para cumprir completamente o que restava por ser feito aqui. Ele não devia se apressar e assim negligenciar alguma precaução necessária para sua segurança, embora, por outro lado, ficasse feliz em sair de casa o mais rápido possível e começou a trabalhar sem demora. Havia galhos e gravetos para serem trazidos do galpão de lenha no quintal, e ele fez três viagens, voltando cada vez com os braços cheios, antes de ter trazido o que julgou suficiente. A maior parte disso ele soltou em uma pilha no estúdio; com o resto, ele subiu mais uma vez para o quarto acima e fez um monte ali no meio do chão. Ele tirou as cortinas das janelas, pois fariam um bom pavio para a parafina, e enfiou-as na pilha. Antes de partir, ele olhou mais uma vez para o que jazia na cama e maravilhou-se com a ilusão que o uísque havia dissipado e, enquanto olhava, a sensação de que estava livre se assomou e borbulhou em sua cabeça. A coisa mal parecia humana; era um monstro do qual ele se livrara, e agora, com esse pensamento para aquecê-lo, ele não estava mais ansioso para terminar seu trabalho e ir embora, pois tudo era parte daquele ato de libertação que ele tinha realizado, e ele se satisfazia nisso. Logo, quando tudo estivesse pronto, ele voltaria mais uma vez e iria embeber o combustível e acendê-lo, e limpar com fogo a corrupção que jazia arqueada na cama.

A fúria do vendaval aumentou com o anoitecer e, ao descer as escadas, ele ouviu o barulho de telhas soltas no telhado e o estrondo ao se espatifarem nas pedras do pátio. Com isso, uma súbita apreensão fez sua respiração ficar presa na garganta, enquanto ele imaginava alguma explosão louca caindo sobre a casa e despedaçando as paredes que agora tremiam e estremeciam. Supondo que a casa inteira caísse, mesmo que ele escapasse com vida da ruína, quanto valeria sua vida? Haveria uma busca nos escombros caídos para encontrar o corpo dela que jazia estrangulado com a corda em volta do pescoço, e ele imaginou consigo mesmo a marcha lenta e implacável da justiça. Ele havia comprado a corda ontem em uma loja da vila, insistindo em sua força e durabilidade… seria mais sábio agora, neste momento, desamarrar o laço e levá-lo de volta com ele ou adicioná-lo à pilha de lenha?… Ele fez uma pausa na escada, pensando nisso; mas seus músculos se estremeceram com o pensamento e, embora tivesse sido mestre de si mesmo durante aqueles poucos minutos de luta, ele desconfiava de seu poder de lidar mais uma vez com aquilo que já não podia mais lutar. Mas mesmo enquanto ele tentava reunir sua coragem a este ponto, a violência da tempestade passou, e a casa estremecendo se aquietou novamente. Ele não precisava temer isso; o vendaval era seu amigo que iria soprar as chamas, não seu inimigo. As explosões que trombeteavam acima eram as vozes dos aliados que tinham vindo para ajudá-lo.

Tudo foi arranjado então no andar de cima para o derramamento da parafina e o acendimento da pira; restava apenas fazer disposições semelhantes no estúdio. Ele ficaria para alimentar as chamas até que elas se alastrassem além de todo poder de extinção; e agora ele começou a planejar a linha de sua retirada. O estúdio tinha duas portas: uma junto à lareira que dava para o pequeno jardim; o outro dava para a passagem de entrada pela qual subiam as escadas e também para a porta pela qual ele havia entrado na casa. Ele decidiu usar a porta do jardim para sair; mas, quando veio abri-la, descobriu que a chave estava rígida na fechadura enferrujada e não cedeu aos seus esforços. Não adiantava perder tempo com isso; não fazia diferença por qual porta ele finalmente sairia, e ele começou a empilhar seu monte de lenha naquela extremidade da sala. A lâmpada estava queimando fraca; mas o fogo, que poucos minutos antes ela alimentara com uma cadeira quebrada, brilhava intensamente, e uma brasa flamejante serviria para acender seu incêndio. Havia uma esteira de palha em frente que daria bons gravetos, e com essas duas fogueiras, uma no quarto de cima e outra aqui, não haveria erro quanto à incineração da casa e de tudo o que ela continha. Seu próprio crime, se fosse crime, pereceria também, e todas as evidências disso, vítima e forca, e as próprias paredes da casa do pecado e do ódio. Era uma grande façanha e uma bela aventura, e quando a bebida que havia bebido começou a circular mais alegremente em suas veias, ele se alegrou com a ideia da consumação que se aproximava. Ele escaparia da sórdida tragédia de sua vida passada, como de uma vestimenta descartada que jogou na fogueira que logo acenderia.

Tudo estava pronto agora para o encharcamento do combustível que ele empilhara com a parafina, e ele foi até o galpão no pátio onde estava o barril. Um grande jarro de estanho estava ao lado dele, que ele encheu e carregou para dentro. Isso seria suficiente para encharcar a pilha no andar de cima e, pegando a lamparina fumegante e bruxuleante do estúdio, ele subiu novamente e, como um jardineiro cuidadoso regando um canteiro de flores escolhidas, borrifou e despejou até seu jarro ficar vazio. Ele deu apenas um olhada para a cama atrás dele, onde a coisa amontoada jazia tão silenciosamente, e quando ele se virou, a lâmpada na mão, para descer novamente, a corrente de ar que entrava pela janela contra a qual o vendaval soprava, extinguiu-a. Uma pequena chama azul de vapor ardente subiu na chaminé e se apagou; então, não tendo mais uso para ela, ele a jogou sobre a pilha de material encharcado. Ao sair da sala, ele pensou ter ouvido um pequeno movimento atrás dele, mas disse a si mesmo que era apenas algo escorregando da pilha que ele havia construído ali.

Novamente ele saiu para a tempestade. As nuvens que passavam por cima eram mais finas agora, embora o vendaval soprasse não menos ferozmente e o luar turvo e aquoso fosse mais forte. Por um momento, enquanto ele se aproxima do galpão, ele avistou toda a orbe lunar mergulhando loucamente entre os vapores que fluiam; então ela foi escondida novamente atrás das nuvens destroçadas. Bem na frente dele estavam os abetos da floresta onde aqueles doces encontros foram realizados, e mais uma vez a visão dela como ela havia sido invadiu sua mente e a estranha convicção de que não era uma bruxa murcha e inchada que jazia na cama do andar de cima, mas a bela com os membros formosos e bonitos e a cabeça dourada. Era ainda mais vívido agora, e ele se apressou em voltar ao estúdio, onde encontraria o remédio confiável que havia dissipado aquela visão antes. Ele teria de fazer duas viagens pelo menos com sua jarra de estanho antes de transportar óleo suficiente para alimentar a pira maior abaixo, e então, para economizar tempo, ele tirou o barril de seu suporte e o rolou ao longo do caminho para dentro da casa. Ele parou ao pé da escada, escutando se algo se mexia, mas tudo estava silencioso. O que quer que tenha escorregado lá estava estável novamente; de fora só vinha o grito e o rugido do vento.

O estúdio estava iluminado de forma brilhante mas inconstante pelas chamas da lareira; em um momento o meio-dia brilhava ali, no seguinte, o último resplendor de algum pôr do sol avermelhado. Era mais fácil transferir do barril para o jarro do que carregar o pesado barril e borrifar dele, e uma e outra vez ele o enchia e esvaziava. Mais uma aplicação seria suficiente e, depois disso, ele poderia deixar o que restava escorrer pelo chão. Mas por algum movimento desajeitado ele conseguiu derramar um respingo na frente de suas calças: ele tinha de ter certeza, portanto (quão rápido seu cérebro respondeu com conselhos de precaução), de evitar algum acidente com sua lâmpada quando ele entrasse para seu jantar, em função desta pequena desventura. Ou, provavelmente, o vento pelo qual ele estaria passando a secaria antes de chegar à vila.

Então, pela última vez com fósforos na mão, ele subiu as escadas para acender o combustível empilhado na sala acima. A segunda dose de uísque cantou em sua cabeça e ele disse a si mesmo, sorrindo com a graça da idéia: “Ela sempre gostou de acender fogo no quarto; ela vai ter fogo agora.” Parecia uma ideia muito cômica e ela ficou gravada em sua cabeça enquanto ele riscava o fósforo que deveria acender o fogo para ela. Então, ainda sorrindo, ele deu uma olhada para a cama, e o sorriso morreu em seu rosto, e os címbalos selvagens do pânico estouraram em seu cérebro. A cama estava vazia; nenhuma forma amontoada estava lá.

Atormentado de terror, ele jogou o fósforo na pilha encharcada e a chama se acendeu. Talvez o corpo tenha rolado para fora da cama. Em qualquer caso, devia estar aqui em algum lugar e, quando o quarto estivesse em chamas, nada mais haveria a temer. A chama fumegante ergueu-se alto e, batendo a porta, ele irrompeu escada abaixo para acender a pilha inferior e deixar a casa. No entanto, qualquer que fosse o milagre monstruoso que seus olhos lhe haviam garantido, não poderia ser que ela ainda estivesse viva e tivesse deixado o lugar onde jazia deitada, pois ela havia parado de respirar quando o laço estava apertado em volta de seu pescoço, e sua luta pela vida e pelo ar há muito havia cessado. Mas, se por alguma feitiçaria hedionda, ela não estava morta, logo estaria tudo acabado com ela no estupor da fumaça e das chamas abrasadoras. Deixe ser; a porta foi fechada com ela dentro, para ele faltava terminar o negócio e fugir da casa do terror, para que não deixasse para trás a sanidade de sua alma.

O clarão vermelho da lareira no estúdio iluminou seus passos descendo a passagem da escada, e já ele podia ouvir acima o estalo seco e crepitar do fogo que prosperava por lá. Ao entrar arrastando os pés, levou as mãos à cabeça, como se pressionasse o cérebro de volta ao seu estojo controlado, de onde parecia ansioso para voar para o meio da tempestade, do fogo e da imaginação medonha. Se ele pudesse se controlar por pelo menos mais alguns momentos, tudo estaria feito e ele escaparia deste lugar mal-assombrado e maluco pela noite e pelo vendaval, deixando para trás o fogo que queimaria todas as coisas incertas. Mais uma vez as chamas irromperam nas brasas da lareira, ardendo bravamente, e ele tirou do centro do clarão um fragmento em que o fogo estava explodindo em flores amarelas. Ele não deu atenção ao chamuscar de sua mão, pois foi apenas por um momento que ele a segurou, e então a mergulhou na pilha que pingava com o óleo que ele havia derramado sobre ela. Uma torre de chamas se elevou, lambendo as vigas do teto baixo, depois morreu como se sufocada pela própria fumaça, mas avançou rastejando, farejando seu caminho até chegar à esteira de palha, que ardia ferozmente. Essa chama acendeu a coragem nele; qualquer que fosse o truque que sua imaginação havia lhe pregado agora, ele não tinha nada a temer, exceto seu próprio terror, que agora ele dominava novamente, pois nada real poderia escapar do incêndio, e era apenas o real que ele temia. Bruxarias, encantamentos e superstições, como os que nos últimos vinte anos se abateram sobre ele, estavam todos encerrados naquele laço apertado.

Era hora de partir, pois tudo estava seguro agora, e a sala estava esquentando como um forno. Mas, enquanto abria caminho pelo chão, sobre o qual torres de chamas do barril partido começavam a se espalhar para um lado e para o outro, ele ouviu de cima o som de uma porta se destrancando e passos leves e firmes batendo na escada. Por um segundo, a pura catalepsia do pânico se apoderou dele, mas ele recuperou o controle e, com as mãos que tateavam pela fumaça espessa, ele encontrou a porta. Naquele momento, o fogo cresceu em uma labareda de chamas cegantes, e lá na porta estava Ellen. Não foi um corpo murcho e rosto inchado que o confrontou, mas sim aquela com quem ele havia se aventurado na floresta, com o desabrochar da juventude eterna sobre ela, e a mão lisa e macia, na qual estava sua aliança de casamento, apontando para ele.

Foi em vão que ele convocou a si mesmo para sair correndo daquele ar tórrido e sufocante. A porta da frente estava aberta, ele tinha apenas que ultrapassá-la e acelerar em segurança noite adentro. Mas nenhum poder de sua vontade alcançou seus membros; sua vontade gritou para ele: “Vá, vá! Empurre ela: é apenas um fantasma que você teme! ” mas músculos e tendões estavam em motim, e passo a passo ele recuou diante daquele dedo que apontava e diante da forma radiante que avançou sobre ele. As chamas que tremeluziam no chão descobriram a parafina que ele tinha derramado, e saltaram por sua perna.

Apenas um ponto em seu cérebro reteve a lucidez do terror irrestrito. Em algum lugar atrás daquela barreira de fogo estava a segunda porta para o jardim. Ele tinha apenas brevemente tentado destravar suas enferrujadas fechaduras; agora, certamente, o conhecimento de que só havia como escapar por ali daria força à sua mão. Ele saltou para trás através das chamas, ainda com os olhos fixos nela, que sempre avançava com a retirada dele, e virando-se, brigou e lutou com a chave. Algo estalou em sua mão, e no buraco da fechadura estava o cabo vazio da maçaneta.

Prendendo a respiração, pois o calor queimava sua garganta, ele tateou até onde sabia estar a janela pela qual a vira pela primeira vez naquela noite. As chamas o envolveram ferozmente, mas ali, sob sua mão, estava o ferrolho e ele o abriu. Com isso, o vento soprou como através do bico de um fole dobrado, e a Morte ergueu-se alta e brilhante ao redor dele. Através das chamas, enquanto ele afundava no chão, um rosto radiante de vingança sorriu para ele.

O post ‘Na casa da fazenda’, por E. F. Benson apareceu primeiro em Jornal Opção.

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